quinta-feira, 28 de novembro de 2013

COIMBRA, BELA COIMBRA

Coimbra - (Capital e Concelho do Distrito de Coimbra)

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro
Colaboração de Dermeval Neves


Coimbra - Cantada por Amália Rodrigues,
Roberto Carlos e Caetano Veloso

Coimbra - cantada e recordada

São séculos e séculos de História, cobertos por um lindíssimo manto de casario branco cruzado por muitas ruas, ruelas, escadinhas, arcos e becos que decoram a bela Coimbra.

Abraçada por mil encantos e tradições, a cidade desce das colinas para beijar o seu eterno noivo, rio Mondego, que lhe tempera o clima nas lânguidas serenatas românticas, cantadas pelos estudantes de sedutoras capas negras, da sua secular Universidade.


As origens de Coimbra prendem-se decerto a longínquos tempos. Os escritores clássicos da Península referem-se a Aeminium, topônimo de origem pré-romana do Itinerário de Antonino veio mais tarde a herdar de Conímbriga o nome que hoje tem. O facto deve-se à transferência para Aeminium do bispo de Conímbriga. A Civitas Aeminiensis passou a ser conhecida por Coimbra, depois das transformações sofridas pelo topônimo. Testemunhos arqueológicos e documentos escritos atestam já a existência, na época romana, de uma importante povoação no local onde atualmente se ergue a cidade.

No início da Idade Média deve ter sofrido os ataques de alanos, suevos e visigodos, conhecendo, porém, sob o domínio destes últimos, uma certa prosperidade, com moeda própria. A conquista agarena não interrompeu a vida urbana, pois, entre outras notícias, sabe-se que dois bispos aqui residiram. Em 878 o conde Hermenegildo Mendes conquistou Coimbra aos mouros.

Sucederam-se as vicissitudes de um longo período de lutas entre cristãos e muçulmanos até à reconquista definitiva por Fernando Magno, no ano de 1064. Recebeu o primeiro foral de Afonso Vl, rei de Leão e Castela.

O conde D. Henrique, que assumira o Governo do Condado Portucalense em 1094, concedeu-lhe novo foi em 1111. A importância da cidade cresceu sob os governos de D. Raimundo, de D. Henrique e dos primeiros monarcas portugueses, sendo muitas vezes residência da corte e sede do Reino. Nela se realizaram cortes medievais, como as de 1211 e 1385. Durante este período, estabeleceram-se na cidade muitas ordens religiosas. Porém, o facto decisivo para a prosperidade de Coimbra, foi a instalação da Universidade. D. Manuel l concedeu-lhe foral novo em 1516. Quando das invasões francesas, foi tomada e saqueada pelas tropas de Massena.

O concelho de Coimbra tem uma área de 44,475 Km². É envolvido a Norte pelos concelhos de Cantanhede e Mealhada; a Leste pelos de Penacova e Miranda do Corvo; a Sul por este último e pelo de Condeixa-a-Nova; e a Sudoeste pelo de Montemor-o-Velho.

A Universidade e do desenvolvimento de Coimbra




Escusado será ressaltar a importância que teve a fixação da Universidade em Coimbra no seu desenvolvimento demográfico e na sua projeção nacional em todos os âmbitos, num movimento simultaneamente receptor e transmissor de cultura. O primeiro recenseamento, ordenado em 1527 por D. João lll, registou em 1329 habitantes na Capital do Distrito, número forçosamente elevado muito em breve com a fixação em Coimbra, dez anos depois, da Universidade, pois em 1540 contavam-se já 600 estudantes matriculados, muitos deles acompanhados de família e criadagem.

A concentração na "Luso Atenas" dos expoentes intelectuais portugueses e a convivência - sob a sua influência cultural, geração após geração - dos filhos das principais famílias beirãs, minhotas, transmontanas ou ilhoas, imprimiram à sua vida um cunho tão peculiar que bem se pode considerar como uma nova expressão nacional, de que cada "licenciado" era depois portador quer regressado ao solar paterno, quer partindo para lides políticas de Lisboa ou Ultramar, quer lançado em busca de glórias literárias.

E, partindo embora, todos iam a Coimbra um pouco de si próprios e da sua  estudante juventude, quer na saudade deixada no coração de iludida tricana, quer na recordação de arrojada estroinice, quer num verso cantado em sentida balada ou mais tarde publicado em ignoto livro, tudo pedras - uma a uma - da soberba Catedral que constituem hoje a tradição Coimbrã, irredutíveis já perante séculos ou fronteiras.

Opiniões sobre o nome Coimbra:

«De "O Domingo Ilustrado (1898)»: "A origem desta famosa cidade não está completamente conhecida, pois são várias versões que dela existem. Querem uns escritores que Coimbra fosse fundada no sítio que atualmente ocupa, com o nome de Colimbria, sendo seu fundador Hérculos Líbio, filho de um rei do Egipto - Osíris.

Há também quem afirme que o primeiro da atual cidade foi Colimbriga, e a sua primeira fundação, foi em Condeixa-a-Velha, e não falta quem assevere que Colimbria e Colimbriga foram duas povoações diferentes e independentes uma da outra. Para estes, Colimbriga existiu onde hoje á Condeixa-a-Velha, isto é, a 12 Km ao sul de Coimbra. Consequentemente Colimbria seria a Coimbra de hoje.

A palavra Colimbriga parece ser composta de duas palavras celtas ou túrdulos (coim) - que queria dizer - campo ou arraial e briga, que quer dizer povoação.

Pedro Mariz opina que Coimbra vem de collis - colina e imbrium - das chuvas. Outro investigador, o Dr. Miguel Leitão de Andrade pretende que havendo em tempos, que ninguém conhece, uma formosa princesa nesta cidade, era ela ardentemente amada por um esforçado cavaleiro. Tinha este envidado todos os meio para obter a mão da donairosa donzela, mas em vão o fizera, porque a tal se recusavam os nobres autores dos dias da bela.

A esse tempo, lavrava enorme terror na povoação em virtude do aparecimento de uma terrível serpente que o povo chama Coluber. A formosa princesa participando do medo que a todos invadia mostrou desejos de ver o nauseabundo réptil reduzido à impotência. Então o ousado donzel armando-se de coragem atacou Coluber e matou-a, conquistando assim o coração e a mão da dama dos seus pensamentos. Em memória do ato valoroso do cavaleiro fundou-se então uma cidade no mesmo lugar em que o réptil fora trucidado, e deu-se a esta nova povoação o nome de Coluber Briga que vem a ser a batalha da Cobra.

«Prof. Vasco Botelho de Amaral, "O Povo e a Língua" - 1949»: " Coimbra veio-nos de Conimbrica. O Magistral dicionário de Quicherat regista isto que traduzo: "Conimbrica, ae, f. Plin. Cidade da Lusitânia".

Este registro da forma Conimbrica é de importância, porque já tem havido quem se apegue unicamente à forma Conimbriga.Com esta dualidade formal (Conimbriga e também, Conimbrica) ficam mais bem explicados os étimos conimbrigense e conimbricense. A origem remota de Conimbrica ou Conimbriga ninguém sabe; mas o elemento brica talvez se prenda ao celta (com significado monte fortificado").

Localizada na sua magnífica colina, em posição altiva, encontra-se a bela Coimbra, terra de história e tradição. A seus pés correm em calmaria as águas do Mondego, formando como que um espelho onde a cidade reflete toda a sua graciosidade.

A cidade viu crescer o seu primitivo núcleo de povoamento no cimo da frondosa colina da Alta que, além de fornecer uma excelente posição estratégica à cidade, constituía também um local de passagem quase obrigatório entre o Norte e o Sul.

Relativamente à ocupação pré-histórica do burgo, permanece um silêncio inquietante. Continua-se no campo conjectural a que somente uma acurada investigação arqueológica poderá dar algumas certezas. Certezas essas que já encontramos no período romano.

Aeminium - nome romano de Coimbra - tornou-se efetivamente uma cidade. O seu centro vital emanava do fórum, construído sobre uma plataforma que assentava num magnífico criptopórtico (pode ver-se esta espetacular obra de engenharia arquitetônica sob o atual Museu Nacional Machado de Castro).

Além do fórum, sabe-se que o povoado viu emergir no seu perímetro urbano outros edifícios: arcos honoríficos, um aqueduto e, para gáudio dos espectadores das corridas de cavalos, embora as certezas nos escapem neste aspeto, um circo. Junto à via Olissipo-Braccara Augusta, atual Santa Cruz, é provável que se tenham construído umas termas ou banhos públicos.

Os bárbaros haveriam de trazer com eles fortes perturbações, se bem que o esplendor da civilização romana tivesse atingido o seu termo. Os visigodos, meio romanizados, e sob os reinados de Recaredo, Liuva II, Sisebuto e Chintila, entre 586 e 640, conduziriam novamente a cidade, agora Emínio, ao equilíbrio e prosperidade.

Em 711, os muçulmanos entram na Península e Coimbra não é esquecida. Transforma-se então sob o domínio árabe numa cidade mourisca e moçárabe. A vida decorre tranquilamente e, podemos dizer, que a região foi valorizada com esta presença de além-mar. Com efeito, a permanência destes homens de tez escura trouxe inovações importantes, não só ao nível da introdução de novas sementes e árvores, como nos próprios processos de cultivo e exploração agrária.

Em 878 começam as primeiras tentativas de reconquista do território. O comando coube ao conde Hermenegildo Mendes que viu a glória esvanecer-se em fumo perante a grandiosa investida de Almançor em 987 para em 1064 ser, novamente, restituída aos cristãos chefiados por Fernando Magno. Coimbra renasce e transforma-se na cidade mais importante a sul do Douro e é capital de um vasto condado governado pelo moçárabe Sesnando. O conde D. Henrique e a rainha D. Teresa fazem dela sua residência e, na segurança das suas muralhas, nasce aquele que viria ser o primeiro rei de Portugal - D. Afonso Henriques.
 
Com efeito, parece que a qualidade a elegeu como berçoiro, senão vejamos: aqui nasceram também D. Sancho I, D. Afonso II, D. Sancho II, D. Afonso III, D. Afonso IV, D. Pedro I e D. Fernando.

A política nacional teve aqui também lugar de eleição. Em Coimbra reúnem-se as cortes, sendo de destacar as de 1385 onde João das Regras - legitimamente ou não - leva ao trono D. João I, Mestre de Vais. A cidade ficou também ligada a tragédia, tantas vezes cantada em verso, da morte de Inês de Castro.

O Românico e o Gótico viriam a erguer em Coimbra construções de inegável beleza: Sé Velha, Santiago, S. Salvador, Santa Clara-a-Velha. Os artistas elegem Coimbra e aqui desfilam nomes como: Mestre Roberto, Domingos Domingues, Mestre Pero, Diogo Pires o Velho e o Moço, Diogo de Castilho e tantos outros.

O século XVI trouxe a Coimbra a instalação definitiva da Universidade e a fundação de inúmeros colégios que funcionavam como alternativa ao ensino oficial. É de salientar também neste período, a renovação que se registou no mosteiro de Santa Cruz, sob a chefia e a visão culta de Frei Brás de Braga. O seu nome haveria de ficar ligado à abertura da Rua da Sofia, sua obra capital, onde se concentraram inúmeros colégios: de S. Miguel, de Todos-os-Santos, de S. Bernardo, do Carmo, da Graça, de S. Pedro, de S. Boaventura, etc.

Estrangeiros há que nesta época trabalharam em Coimbra e a eles se deve as primícias da nova arte que então se fazia: Nicolau Chanterene, João de Ruão e Hodarte, são os mais significativos.

O aspeto desta Coimbra de Quinhentos pouco irá mudar até finais do século XIX. É certo que novas casas, colégios, igrejas se edificarão, a Universidade crescerá, mas o traçado urbano sofrerá poucas alterações.

Igreja de São Bento
No século XVII lançaram-se as primeiras pedras das igrejas dos Jesuítas (atual Sé Nova), de S. Bento e do mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

O reinado de D. João V deixou em Coimbra marcas que em muito a dignificaram: a torre da Universidade, a Biblioteca Joanina, o Parque de Santa Cruz e o início da construção do Seminário.

Há que contar, contudo, com uma exceção: as reformas operadas pelo Marquês de Pombal. Sob a orientação deste estadista, desaparecem as muralhas do castelo, cria-se o Jardim Botânico, rasga-se a praça que tem hoje o seu nome e riscam-se os edifícios do Museu de História Natural e o Laboratório de Química.

Coimbra sentiu na centúria de Oitocentos profundas transformações. Numa primeira fase, sofre as agruras das Invasões Francesas quando da ocupação da cidade por as tropas de Junot e Massena, posteriormente a guerra civil entre absolutistas e liberais e, na década de trinta, a extinção das ordens religiosas retirou à cidade grande parte das casas religiosas que então dispunha. Na segunda metade do século XIX, Coimbra recuperaria o alento perdido. 1856 traz-lhe o telégrafo elétrico e a iluminação a gás, em 1864, é inaugurado o caminho-de-ferro e, em 1875, constrói-se a ponte férrea.

Temos assim no final do século, uma cidade milenar que abraça o progresso da era moderna.

Todavia o progresso, por vezes, paga-se caro e Coimbra pagou um preço imerecido. Já no nosso século, na década de 40, uma parte da história da cidade é irremediavelmente amputada.

Com efeito, a destruição quase completa da Alta para edificação dos novos edifícios universitários retiraram de Coimbra muito da sua história, da sua tradição, da sua poesia.

Atualmente, Coimbra não pára a sua marcha em prol do desenvolvimento e do progresso. Fazemos votos para que este progresso e o bem-estar populacional não sejam feitos à custa de barbaridades como as que foram acima focadas e Coimbra possa olhar o futuro sem nunca tirar os olhos do seu passado e da sua história.


Outros motivos de interesse em Coimbra:

Arco e Porta Almedina

Assente na parte mais baixa da cerca medieval, a sua edificação pode remontar à época do conde Sesnando Davides, que conquistou Coimbra em 1064, tendo sido ao longo dos séculos por diversas vezes reformada e remodelada. Esta porta era defendida, primitivamente, por dois cubelos avançados que, mais tarde, foram ligados por meio de um arco fundo, por sobre o qual foi levantado o forte torreão. O seu aspeto atual pode ser resultante de uma reforma no início do século XVI, por determinação de D. Manuel I de Portugal.
 
Internamente encontra-se decorada com um friso com os baixo-relevos da Virgem com o Menino, ladeada por duas pedras de armas.

Esta era possivelmente uma das torres de maior imponência no perímetro da muralha, devido à sua importância estratégica, uma vez que se constituía no acesso de maior importância, civil e militar, à cidade.

Neste trecho mais vulnerável da cerca, entre a Porta de Almedina e a Porta de Belcouce, foi necessário reforçar a defesa, erguendo-se uma segunda cintura muralhada - a Barbacã. A sua porta, em arco quebrado, típica das fortificações do período manuelino, também chegou aos nossos dias, sendo confundida com a própria porta da Almedina que, na realidade, antecede.


Mosteiro Santa Clara-a-Velha

O apelo da forma de vida proposta por Santa Clara levou Dona Mor Dias, dama nobre de Coimbra, filha de D. Vicente Dias, sobrejuiz de Afonso III de Portugal e alcaide-mor de Coimbra, e de D. Boa Peres, neta do chanceler Julião Pais, a fundar uma casa de Clarissas.
Embora desde 1278 empreendesse esforços para a instituição da sua casa de Clarissas, encontrava-se recolhida desde 1250 no Convento de São João das Donas, então dependente do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.

Em 13 de Abril de 1283 obteve a licença para construir um mosteiro dedicado a Santa Clara e a Santa Isabel da Hungria, cuja primeira pedra foi lançada a 28 de Abril de 1286, perto do convento franciscano que anteriormente se instalara (1247), na margem esquerda do rio Mondego.

Entretanto, devido aos recursos (bens e rendimentos) com que dotou o novo convento, os religiosos de Santa Cruz opuseram-se veementemente à obra, sob o argumento de que D. Mor era soror professa de Santa Cruz e, por isso, dele dependente no espiritual e temporal. Não obstante a oposição, D. Mor Dias levou consigo algumas religiosas de São João das Donas, e a contenda assim aberta perdurou por cerca de trinta anos.

Em 1302, com o falecimento da fundadora, esta legou ao novo convento os seus bens e rendimentos. A contenda, entretanto, prosseguiu, vindo a culminar na extinção do mesmo em 2 de Dezembro de 1311.

Desde 1307, porém, Santa Isabel de Aragão, Rainha de Portugal interessara-se pelo mesmo, empenhando-se na mediação do conflito que logrou encerrar em 1319. Nesse ínterim, alcançou do papa Clemente V, a 10 de Abril de 1314, a autorização para a refundação do Mosteiro. A partir de então dedicou muito do seu tempo e do seu património ao engrandecimento do mesmo.

1. Em 1316 iniciam-se as obras da segunda construção, custeada pela rainha, que determinou ainda edificar, junto ao Mosteiro, um hospital para trinta pobres (concluído em 1333) - com cemitério e capela -, e um Paço onde, em 1325, quando enviuvou, se recolheu.

2. Em 1317 nele se instalam as primeiras freiras, vindas de Zamora.

O arquiteto-régio responsável pelas obras foi o mestre Domingos Domingues, que trabalhou igualmente no claustro do Mosteiro de Alcobaça. Tendo falecido em 1325, foi substituído pelo mestre Estevão Domingues. É sob a orientação deste que se concluem as obras da igreja e se inicia a construção dos claustros do Mosteiro de Santa Clara, entre 1326 e 1327. Os claustros eram abastecidos por um cano de água vindo da Quinta do Pombal (atual Quinta das Lágrimas).

Tendo D. Dinis de Portugal falecido em 1325, pouco depois da sua morte, D. Isabel recolheu-se ao Mosteiro, tomando o hábito das Clarissas, mas não fazendo votos, o que lhe permitia manter a sua fortuna, que usava para a caridade. Fez o seu testamento em 1328, nele tendo deixado expressa a sua vontade em ser sepultada no Mosteiro, legando bens e recursos para a construção de uma capela, para as obras do convento, e para o mantimento das Donas. Viria a falecer em Estremoz, em 4 de Julho de 1336.

A nova igreja foi consagrada em 1330, pelo então bispo de Coimbra, D. Raimundo Ebrard II (1325-1333). A sua traça, de aparência românica com grossos paramentos e contrafortes, respeita, em termos de planta e alçados, a disposição dos templos de Clarissas - três naves de sete tramos, sem transepto, e cabeceira com três capelas (as dos extremos quadrangulares; a capela-mor poligonal). A abside e os absidíolos apresentam interiormente a forma poligonal, característica do gótico.

Estêvão Domingues cobriu a nave central com uma abóbada de berço quebrado, sustentada por arcos torais de grande porte, desistindo, ao que parece, de a cobrir com cruzaria de ogivas. Entretanto, nas naves colaterais optou claramente por este sistema, apesar de grandes imperfeições técnicas a que não serão estranhas dificuldades de implantação do templo, que muito cedo se afundaria nos campos alagados às margens do Mondego.

Apesar dessas dificuldades, o objetivo do mestre foi conseguido: o de construir um templo vertical (ainda que hoje o afundamento e o piso intermédio construído nos dificultem perceber as proporções esguias do conjunto), bem iluminado por frestas laterais de grande altura.

Foi invulgar, à época, a construção de três naves de altura idêntica, abobadadas em pedra, ao invés da cobertura de madeira, então usual pelas Ordens mendicantes, assim como a ausência de transepto, o que permitiu o maior alongamento do claustro.

A iluminação das naves é feita por duas rosáceas nos extremos da nave central e por janelas duplas, de grande altura, rasgadas nas paredes laterais.

A vida do Mosteiro ficou marcada, ao longo dos séculos, por sucessivos alagamentos provocados pelas cheias do Mondego, o primeiro dos quais já em 1331, um ano após a sagração do templo, que anunciou uma difícil convivência com as águas.

A solução encontrada ao longo dos séculos foi o sucessivo alteamento do piso térreo até que, no século XVII as religiosas se viram forçadas a construir um piso superior ao longo do templo e a desocupar o inferior, o que sucedeu igualmente nas demais dependências do Mosteiro. No entanto, a deterioração das condições de habitabilidade levaram à construção, por iniciativa de D. João IV de Portugal, de um novo edifício no vizinho Monte da Esperança - o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

Abandonado definitivamente pela comunidade de religiosas em 1677, o antigo mosteiro passou a ser conhecido como Santa Clara-a-Velha.

Após o abandono, o mosteiro e o seu entorno deram lugar a uma exploração agrícola, passando a parte superior do convento a ser utilizada como habitação, palheiro e currais.

No início do século XX, foi classificada como Monumento Nacional por Decreto de 16 de Junho de 1910, e sujeito a extensa campanha de obras de restauro por iniciativa da DGEMN a partir da década de 1930. Ainda assim, o conjunto continuou a ser vítima das águas do rio. Nesse espaço desocupado, imerso nos sedimentos que apenas deixavam visível a parte superior da igreja, criou-se uma imagem de ruína aureolada de romantismo, que se manteve até à década de 1990.

Em 1991 foi iniciado um ambicioso projeto de recuperação e valorização do seu sítio, com orçamento na ordem dos 7,5 milhões de Euros, sob a coordenação do Arqueólogo Artur Côrte-Real.

A campanha arqueológica estendeu-se entre 1995 e 2000, colocando a descoberto a parte inferior da igreja e o claustro, permitindo recolher um espólio significativo, testemunho material do passado conventual. Decidida a manutenção a seco do perímetro escavado (1977), foi construída uma cortina de contenção periférica das águas, primeiro passo para a reabilitação do sítio. Ficou ainda incluída uma importante área de reserva arqueológica, compreendendo o segundo claustro e dependências anexas, dormitório e refeitório, a serem pesquisados no futuro.



Convento Santa Clara Nova

O convento de Santa Clara de Coimbra foi fundado nos inícios do século XIV, à margem esquerda do rio Mondego. Santa Isabel de Aragão, Rainha de Portugal, esposa de Dinis de Portugal, foi a principal benfeitora da instituição nos seus inícios, tendo-o escolhido como lugar de seu sepultamento.

As constantes inundações de que era vítima o primitivo mosteiro levaram à decisão de construir um novo edifício para a comunidade de Clarissas. Desse modo, as obras do novo convento começaram em 1649, com projeto de João Torriano, frade beneditino, engenheiro-mor do reino e professor de matemática da Universidade de Coimbra. A igreja e vários edifícios conventuais encontravam-se concluídos em 1696, quando se mudaram as últimas monjas.

O grande claustro, construído pelo húngaro Carlos Mardel, foi custeado por João V de Portugal em 1733.

A Confraria da Rainha Santa Isabel recebeu o Convento de Santa Clara-a-Nova em 1891, quando dele saiu a sua última religiosa.

Em 1911, grande parte do monumento foi entregue ao Exército Português, que o devolveu à Confraria em 2006.

Na rica igreja em estilo maneirista, o lugar de honra cabe à urna de prata com óculos de cristal contendo o corpo incorrupto da Rainha Santa Isabel, instalado em 1696 e custeado pelo povo de Coimbra.

O túmulo original, em uma única pedra, mandado fazer pela própria rainha, jaz no coro baixo, onde painéis de madeira policromática narram a história da sua vida.



Sé Velha

O aspeto mais notável da decoração românica da Sé Velha é o grande número de capitéis esculpidos (cerca de 380), que a converte em um dos principais núcleos da escultura românica portuguesa. Os motivos são entrelaço geométricos e vegetalistas de influência árabe ou pré-românica, assim como quadrúpedes e aves enfrentadas. Praticamente não há representações humanas, e não há nenhuma cena bíblica. A ausência de figuras humanas é, talvez, consequência de os artistas serem moçárabes (cristãos arabizados) que se haviam estabelecido em Coimbra no século XII.
Da época gótica (séculos XIII-XIV) subsistem vários túmulos com estátuas jazentes ao longo das naves laterais, alguns muito erodidos. Um dos mais chamativos é o de D. Vataça Lascaris (ou Betaça), uma dama bizantina que veio a Portugal no início do século XIV, acompanhando D. Isabel de Aragão, que vinha casar-se com o rei D. Dinis. O túmulo de D. Vataça leva o emblema do Império Bizantino: a águia de duas cabeças, um trabalho escultórico atribuído à oficina de Mestre Pero.
Na virada do século XV para o XVI, o bispo D. Jorge de Almeida promoveu uma grande campanha decorativa. Os pilares das naves e paredes laterais foram recobertos com azulejos hispano-árabes sevilhanos. Estes azulejos, coloridos e com motivos geométricos, foram retirados em uma reforma posterior, mas alguns trechos subsistem em vários pontos da Sé.
Outra adição importante foi o retábulo-mor, construído entre 1498 e 1502 pelos entalhadores flamengos Olivier de Gand e Jean d'Ypres em estilo gótico flamejante. Esse retábulo, um intrincado painel com figuras esculpidas que ilustram a história da Virgem e Jesus, ocupa quase todo o espaço da capela-mor românica e é o melhor retábulo de este tipo em Portugal.
O altar gótico está apoiado sobre uma mesa de altar românica, contendo inscrições.
O absidíolo Norte (capela de São Pedro), no qual está enterrado em campa rasa o bispo D. Jorge de Almeida, contém um altar renascentista de autoria de Nicolau de Chanterenne.
O absidíolo Sul foi totalmente reconstruído em estilo renascentista (terminado em meados de 1566) e tem um magnífico retábulo de pedra com Jesus e os apóstolos, do escultor João de Ruão. Na década de 30 do mesmo século, João de Ruão já havia construído a Porta Especiosa na fachada Norte.
No transepto encontra-se também uma pia batismal gótico-renascentista (cerca de 1520-40), obra do português Diogo Pires o-Moço, originária da Igreja de São João de Almedina. A pia batismal manuelina da Sé Velha se encontra hoje na Sé Nova de Coimbra (antiga Igreja dos Jesuítas).
A Igreja Matriz de São Tiago Maior de Santiago do Cacém está geminada com a Sé Velha de Coimbra desde 2003, em memória, sobretudo da amizade que ligava D. Vataça, benemérita desta igreja, à Rainha Santa Isabel de Aragão.


Sé Nova

O templo começou a ser construído em 1598, com projeto do arquiteto oficial dos jesuítas de Portugal, Baltazar Álvares, influenciado pela igreja do Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa. As obras desenvolveram-se com lentidão, e o culto somente se iniciou em 1640, sendo o templo inaugurado apenas em 1698.

Em 1759, os Jesuítas foram banidos de Portugal pelo Marquês de Pombal e, em 1772, a sede episcopal de Coimbra foi transferida da velha Sé românica para a espaçosa igreja jesuíta.

A fachada da igreja é marcada por fortes linhas e possui quatro estátuas de santos jesuítas. A parte superior da fachada, terminada só no século XVIII, tem decoração barroca e contrasta com as partes inferiores, em estilo maneirista.

O interior é de uma só nave abobadada com capelas laterais e transepto com cúpula e lanternim.

O transepto e a capela-mor estão decorados com enormes e magníficos retábulos de talha dourada, construídos em finais do século XVII e princípios do século XVIII. As capelas laterais contêm vários retábulos maneiristas e barrocos.

O cadeiral da capela-mor, do século XVII, foi trazido da Sé Velha, assim como a magnífica pia batismal de uma das capelas laterais, esculpida em estilo gótico-manuelino por Pero e Felipe Henriques no início do século XVI.

Mosteiro Santa Cruz

O mosteiro de Santa Cruz de Coimbra foi fundado em 1131 pelo Arcediago D. Telo, D. João Peculiar e S. Teotónio (primeiro Prior do Mosteiro e primeiro Santo de Portugal) e outros religiosos, que adotaram a regra dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. A instituição recebeu muitos privilégios papais e doações dos primeiros reis de Portugal, tornando-se a mais importante casa monástica do reino.

O primitivo edifício do mosteiro e igreja de Santa Cruz foi erguido entre 1132 e 1223, com projeto de mestre Roberto, conceituado artista do estilo românico.

A sua escola foi uma das melhores instituições de ensino do Portugal medieval, notabilizando-se por sua vasta biblioteca (hoje na Biblioteca Pública Municipal do Porto) e seu ativo "scriptorium". À época de D. Afonso Henriques, esse "scriptorium" foi utilizado como instrumento de consolidação do poder real.

Ainda na Idade Média, o mais famoso estudante de Santa Cruz foi Fernando Martins de Bulhões, o futuro Santo Antônio de Lisboa (ou Santo Antônio de Pádua). Em 1220, o religioso aí assistiu à chegada dos restos mortais de cinco frades franciscanos martirizados no Marrocos (os Mártires de Marrocos), tendo então decidido fazer-se missionário e partir de Portugal.

A partir de 1507, o rei Manuel I de Portugal ordenou uma extensa reforma, reconstruindo e redecorando o mosteiro e a sua igreja. Nessa época foram transladados os restos mortais de D. Afonso Henriques e de D. Sancho I dos seus primitivos sarcófagos para novos túmulos decorados em estilo manuelino.

Entre 1530 e 1577 funcionou uma oficina de tipografia no claustro. É possível que o poeta Luís de Camões tenha estudado em Santa Cruz, uma vez que um parente seu, D. Bento de Camões, foi prior do mosteiro à época, e que há evidências, em sua poesia, de uma estadia em Coimbra, santa. Data do século XIX o arco triunfal.


Quinta das Lágrimas

A área da então denominada "Quinta do Pombal" constituiu-se em couto de caça da Família Real Portuguesa desde pelo menos o século XIV.

O documento mais antigo que refere à propriedade data de 1326, ano em que Santa Isabel de Aragão, Rainha de Portugal mandou fazer um canal para levar a água de duas nascentes para o Convento de Santa Clara. Ao sítio onde saía a água chamou-se "Fonte dos Amores", por ter presenciado a paixão de D. Pedro, neto da soberana, por Inês de Castro, fidalga galega que servia de dama de companhia à esposa de D. Pedro, D. Constança.

Esta fonte ainda tem um acesso, por um arco ogival gótico, datado do século XIV. A outra fonte da quinta, ligeiramente mais distante da primeira em relação ao convento, foi denominada por Luís de Camões em "Os Lusíadas", como "Fonte das Lágrimas", referindo que a mesma nascera das lágrimas vertidas por Inês ao ser assassinada a mando de Afonso IV de Portugal. O sangue de Inês teria ficado preso às rochas do leito, ainda rubras após seis séculos e meio...


"As filhas do Mondego, a morte escura
Longo tempo chorando memoraram
E por memória eterna em fonte pura
As Lágrimas choradas transformaram
O nome lhe puseram que ainda dura
Dos amores de Inês que ali passaram
Vede que fresca fonte rega as flores
Que as Lágrimas são água e o nome amores".
Os Lusíadas, canto III.

Ao longo dos séculos, a quinta passou a ser propriedade da Universidade de Coimbra e de uma ordem religiosa.

Em 1650 foi murada, fizeram-se os caminhos e taludes que suportam a terra e as árvores da mata, e construiu-se o grande tanque que recebe a água da Fonte das Lágrimas e a encaminhava, através de um canal, para alimentar as mós de um lagar de azeite.

Em 1730 a quinta foi adquirida pela família Osório Cabral de Castro, que mandou construir um palácio. Data desse período a atual designação de Quinta das Lágrimas.

Em 1813, Arthur Wellesley, então ainda visconde de Wellington, comandante das tropas luso-britânicas que defendiam o reino das forças francesas de Napoleão Bonaparte, foi hóspede na quinta, a convite de seu ajudante-de-campo, António Maria Osório Cabral de Castro, seu então proprietário. Wellington plantou, na ocasião, duas sequoias ("Sequoia sempervirens") perto da "Fonte dos Amores" e ergueu-se uma lápide com a célebre estrofe de "Os Lusíadas" que situa a história de Pedro e Inês na Quinta.

Por volta de 1850, Miguel Osório Cabral e Castro, filho de Antônio, mandou construir o frondoso jardim romântico que ainda hoje cerca a Quinta, com lagos serpenteantes e espécies vegetais exóticas de vários lugares do mundo, numa espécie de museu vegetal. O seu sobrinho, D. Duarte de Alarcão Velasquez Sarmento Osório, bisavô dos atuais proprietários, fez construir, junto à entrada da mina mandada fazer pela Rainha Santa uma porta em arco e uma janela neogóticas, que dão acesso à mata da Quinta.

O século XIX testemunhou várias visitas reais, como a de D. Miguel de Portugal e a do Imperador do Brasil D. Pedro II (1872).

O palácio original foi destruído por um violento incêndio em 1879, sendo reconstruído ao estilo dos antigos solares rurais portugueses, com biblioteca e capela. Na área ao redor do palácio ainda podem ser vistos os restos das antigas edificações rurais tais como o espigueiro, o armazém e o lagar de azeite.

Os espaços da Quinta e do Palácio foram recuperados nas décadas de 1980 e década de 1990 pelo arquiteto José Maria Caldeira Cabral (Arquivo do Arquiteto Caldeira Cabral). Em 1995 foi inaugurado o Hotel Quinta das Lágrimas, integrante da rede da cadeia Relais & Châteaux, considerado como um dos melhores do país. O seu restaurante, o Arcadas, possui uma estrela no Guia Michelin.


Torre d´Anto

Trata-se de uma antiga torre, integrante da cerca medieval da cidade, aproximadamente a meio da maior de suas encostas, sobranceira ao rio Mondego. Como outras torres daquela cerca, perdida a sua função defensiva, foi transformada em unidade habitacional na primeira metade do século XVI. Data deste período a sua designação como Torre do Prior do Ameal, assim como a sua atual aparência, com alterações menores posteriores.

Esta torre celebrizou-se por ter sido a residência do poeta Antônio Pereira Nobre (1867-1900), quando estudante, no final do século XIX. Daí deriva o nome pelo qual é melhor conhecida hoje, conforme o verso, em uma placa epigráfica, na sua fachada:

"O poeta aqui viveu no oiro do seu Sonho
Por isso a Torre esguia o nome veio d'Anto
Legenda d'Alma Só e coração tristonho
Que poetas ungiu na graça do seu pranto"


Uma segunda placa epigráfica na mesma fachada esclarece ainda:

"Esta Torre de Anto foi assim chamada por Antônio Nobre, o grande poeta do Só, que nela morou e a cantou nos seus versos. E habitou-a mais tarde Alberto d'Oliveira, ilustre escritor e diplomata, o grande amigo de António Nobre e da Coimbra amada."


Aqueduto São Sebastião

Remonta a um primitivo aqueduto romano, que abastecia a parte alta da povoação.

O atual aqueduto é obra do final do século XVI, sob o reinado de Sebastião de Portugal, com traça do arquiteto italiano Filipe Terzio. Aproveitando o percurso e possivelmente os restos do antigo aqueduto, ligava os morros onde se situavam o mosteiro de Santana e o Castelo de Coimbra, vencendo uma depressão em vinte e um arcos.

O Arco de Honra é de cantaria de pedra, e no seu topo destaca-se um conjunto de duas esculturas representando, do lado Norte São Roque, e do lado Sul São Sebastião.



Coimbra das Canções (ou Fado)

Mesclando o antigo e o moderno, Coimbra tem um atrativo especial que leva o visitante à sonhar com o passado, viver com o presente e esperar pelo futuro, sem nunca perder de vista o romantismo de seu povo e de sua história.

Berço de ilustres músicos, compositores, poetas e cantores, Coimbra mescla poesia e canção, em eterno pulsar de corações apaixonados por sua beleza e encanto.

Passeando por entre suas avenidas, ruas, ladeiras, vias e vielas, é impossível não se sentir em outro mundo, em um universo diferente e único que só existe na Bela Coimbra, retratada e cantada por séculos...

Uma das canções mais conhecidas no Brasil, chamada apenas de "Coimbra", tem embalado momentos felizes de inúmeros sonhadores e admiradores ao redor do mundo. 

A música "Coimbra", cantada por muitos artistas, fica aqui registrada nesta postagem nas vozes de Amália Rodrigues, Roberto Carlos e Caetano Veloso.

Coimbra

Música: Raul Ferrão
Letra: José Galhardo
(fado de Coimbra)

Coimbra do choupal
Ainda és capital
Do amor em Portugal, ainda
Coimbra onde uma vez
Com lágrimas se fez
A história dessa Inês tão linda

Coimbra das canções

Coimbra que nos põe
Os nossos corações, à luz...
Coimbra dos doutores
Pra nós os seus cantores
A fonte dos amores és tu

Coimbra é uma lição

De sonho e tradição
O lente é uma canção
E a lua a faculdade
O livro é uma mulher
Só passa quem souber
E aprende-se a dizer saudade


Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro, Marinha Grande, Portugal.
Diagramação e Editoração de Dermeval Neves, São Paulo, Brasil.

domingo, 10 de novembro de 2013

Platão - Parte II: A Hipotética Atlântida



Platão - Parte II
A Hipotética (?) Atlântida

Prefácio: Esta segunda parte do estudo sobre Platão, um trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal, nos apresenta um dos mais lindos e curiosos mitos da antiguidade: ATLÂNTIDA. Uma cidade que, segundo Platão, desapareceu da noite para o dia nas águas do Atlântico, vítima de uma tragédia sem comparações há 12.000 anos atrás. Um tema fascinante que nos leva a pensar e repensar sobre a verdadeira realidade da história humana sobre este planeta Terra.


Dermeval Neves

A Lenda de Atlântida

A lenda da Atlântida tem, ao longo dos séculos, fascinado sucessivas gerações de pessoas, desde que Platão descreveu, pela primeira vez, a magnífica ilha que um dia desapareceu nas águas do Atlântico. A seu propósito teceram-se as especulações mais desencontradas, mas os cientistas que rigidamente punham de parte a hipótese de a Atlântida ter alguma vez existido foram obrigados a rever essa sua posição...

Milhares de anos após ter submergido nas profundezas frias e escuras do oceano Atlântico, o continente insular da Atlântida continua sendo um dos mistérios mais intrigantes da História.

No velho Egito dos faraós, os sacerdotes de Saís disseram a Sólon que a Atlântida havia sido destruída 9 mil anos antes de com ele conversarem. A civilização atlante, no entanto, não poderia ser superada por nossa moderna civilização.

Geólogo acredita que Atlântida foi destruída por Tsunami 
Uma ilha submersa, que pode ter originado o mito da cidade perdida de Atlântida, foi atingida por um forte terramoto e tsunamis há 12 mil anos, de acordo com o geólogo francês Marc-André Gutscher 

A Ilha de Spartel fica no Estreito de Gibraltar, a uma profundidade de 60 metros, mas há especialistas que acreditam que ela já esteve acima do nível do mar.

A descoberta reforça a hipótese de que a ilha pode ter inspirado a lenda relatada pelo filósofo Platão há mais de 2 mil anos.

As evidências são resultantes de uma pesquisa feita no leito do mar e incluída em artigo de Gutscher, da Universidade da Bretanha Ocidental, em Plouzané, na França, publicado na revista especializada Geology. 

Durante a pesquisa foi encontrado um depósito sedimentar que tem uma espessura de 50 a 120 centímetros e pode ter se formado depois de um tsunami. 

Terremoto
Gutscher disse que a destruição descrita por Platão é consistente com um grande terremoto seguido de tsunamis, semelhantes aos que afetaram a capital portuguesa, Lisboa, em 1755, gerando ondas de até 10 metros de altura. Os depósitos de sedimentos datam de cerca de 12 mil anos atrás, que é o período em que Platão indicou ter ocorrido a destruição de Atlântida, disse Gutscher no artigo.

A ilha de Spartel, no Golfo de Cádiz, foi apresentada como um provável local para Atlântida em 2001 pelo geólogo francês Jacques Collina-Girard. Ela fica "na frente dos Pilares de Hércules", ou Estreito de Gibraltar, como dizia Platão. 

Da noite para o dia
O filósofo disse que a ilha onde existia uma lendária civilização foi destruída da noite para o dia, desaparecendo sob as águas. Estudo do solo revelou que eventos como o terremoto de 1755 que afetou Lisboa ocorrem no Golfo de Cádis em intervalos de 1.500 a 2.000 anos. Mas o mapeamento da ilha realizado por Gutscher não revelou nenhuma estrutura construída pelo homem e revelou que a ilha é muito menor do que se acreditava, o que diminui a probabilidade de que ela tenha abrigado uma civilização.

ATLÂNTIDA
(um dos imaginários da nossa juventude)


Há mais de um século que cientistas procuram inícios deste hipotético (?) continente que se teria afundado. Ultimamente têm sido descobertos certos indícios no continente indiano, em África e sobretudo na América Central (Cuba), com a descoberta de ruínas de cidades muito antigas, algumas a 600 metros de profundidade. O mistério continua …

Atlântida: A história antiga da humanidade em grande parte se constitui um enigma, enigma esse devido à ignorância das pessoas que a escreveram e dataram certos eventos. Podemos perceber isto tendo em vista, por exemplo, o que dizem a respeito da esfinge, pois atualmente estudos provam que ela data de 12.000 a.C. a 10.500 antes de Cristo, enquanto que a história que divulgam datam-na de apenas de 4.000 antes de Cristo.

Uma outra indagação que deve ser feita diz respeito à distribuição de pirâmides no mundo. Elas são encontradas não somente no Egito, mas também na China e na América Central, e agora algumas surgindo de dentro do gelo na Antártida, mostrando a interligação dessas culturas no passado.

O que interliga todas essas civilizações antigas? A única resposta que melhor responde a essas perguntas, e outras a respeito do mundo antigo, é a existência da Atlântida.

A primeira fonte de informação que chegou ao mundo moderno é sem dúvida os escritos de Platão. Foi ele quem primeiro falou da existência de uma ilha então submersa à qual foi dado o nome de Atlântida. Platão tomou conhecimento da Atlântida através de Sólon, que, por sua vez lhe foi referido por pelos sacerdotes egípcios, num dos templos da cidade egípcia de Saís.


Continentes Atlantis e Lemuria

Na verdade a Atlântida data de pelo menos 100.000 antes de Cristo, então constituindo não uma ilha e sim um imenso continente que se estendia desde a Groenlândia até o Norte do Brasil. Sabe-se que os atlantes chegaram a conviver com os lemúrios, que viviam num continente no Oceano Pacifico aproximadamente onde hoje se situa o Continente Australiano. Naquele continente Atlante havia muitos terremotos e vulcões e foi isto a causa de duas das três destruições que acabaram por submergi-lo . A terceira destruição não foi determinada por causas naturais.

Na primeira destruição, em torno de 50.000 antes de Cristo várias ilhas que ficavam junto do continente atlante afundaram, como também a parte norte do continente que ficava próximo a Groenlândia, em decorrência da ação dos vulcões e terremotos. A segunda destruição, motivada pela mudança do eixo da Terra, ocorreu em torno de 28.000 antes de Cristo, quando grande parte do continente afundou, restando algumas ilhas, das quais uma que conectava o continente Atlante à América do Norte. E a terceira foi exatamente esta onde floresceu a civilização citada por Platão e que por fim foi extinta, em uma só noite, afundando-se no mar restando apenas as partes mais elevadas que hoje corresponde aos Açores descrita por Platão.

Para se estudar bem a Atlântida deve-se considerar que esse nome diz respeito a três civilizações distintas, pois em cada uma das destruições os que restaram tiveram que recomeçar tudo do início.

Atlântida 100.000 antes de Cristo a 50.000 antes de Cristo.

Sobre a Atlântida antes da primeira destruição (antes de 50.000 antes de Cristo) pouco se sabe. Diz-se haver sido colonizada pelos lemúrios que haviam fugido do continente onde habitavam, também sujeito a cataclismos imensos, quando então se estabeleceram correntes migratórias fugitivas das destruições que ocorriam na Lemúria, algumas delas dirigiram-se para o Sul de Atlântida.

Estes primeiros Atlantes julgavam a si pelo carácter, e não pelo que tinham, e viviam em harmonia com a natureza. Pode-se dizer que 50% de suas vidas era voltada ao espiritual e os outros 50% para o lado prático, vida material.  Possuíam grandes poderes mentais o que lhes conferiam domínio da mente sobre o corpo. Eles faziam coisas impressionantes com os seus corpos. Assim viveram por muito tempo até que, em decorrência da proximidade do sul da Atlântida com o Continente Africano, várias tribos agressivas africanas dirigiram-se para a Atlântida forçando os Lemúrios estabelecidos na Atlântida a se deslocarem cada vez mais para o norte do continente atlante. Com o transcorrer do tempo os genes dos dois grupos foram se misturando.




Em 52.000 antes de Cristo, os Atlantes começaram a sofrer com ataques de animais ferozes, o que os fizeram aumentar seus conhecimentos em armas, motivando um avanço tecnológico na Atlântida. Novos métodos de agricultura foram implementados, a educação expandiu, e consequentemente bens materiais começaram a assumir um grande valor na vida das pessoas, que começaram a ficar cada vez mais materialistas e consequentemente os valores psíquicos e espirituais foram decaindo. Uma das consequências foi que a maioria dos atlantes foi perdendo a capacidade de clarividência e suas habilidades intuitivas por falta de treinamento e uso, a ponto de começarem a desacreditar nas mencionadas habilidades.

Edgar Cayce afirma que dois grupos diversos tiveram grande poder nessa época, um deles chamados de "Os Filhos de Belial". Estes trabalhavam pelo prazer, tinham grandes posses, mas eram espiritualmente imorais. Um outro grupo chamado de "As Crianças da Lei Um", era constituído por pessoas que invocavam o amor e praticavam a reza e a meditação juntas, esperando promover o conhecimento divino. Eles se chamavam "As Crianças da Lei Um" porque acreditavam em Uma Religião, Um Estado, Uma Casa e Um Deus, ou melhor, que Tudo é Um.

Logo após essa divisão da civilização atlante, foi que ocorreu a primeira destruição da Atlântida, ocasião em que grande número de imensos vulcões entrou em erupção. Então uma parte do povo foi para a África onde o clima era muito favorável e possuíam muitos animais que podiam servir como fonte de alimentação. Ali os descendentes dos atlantes viveram bem e se tornaram caçadores. A outra parte direcionou-se para a América do Sul onde se estabeleceu na região onde hoje é a Bacia Amazônica.

Biologicamente os atlantes do grupo que foi para a América do Sul começaram a se degenerar por só se alimentarem de carne pensando que com isso iriam obter a força do animal, quando na verdade o que aconteceu foi uma progressiva perda das habilidades psíquicas. Assim viveram os descendentes atlantes até que encontraram um povo chamado Ohlm, remanescentes dos descendentes da Lemúria, que os acolheram e ensinaram-lhes novas técnicas de mineração e agricultura.

As duas partes que fugiram da Atlântida floresceram muito mais do que aquela que permanecera no continente, pois em decorrência da tremenda destruição os remanescentes praticamente passaram a viver como animais vivendo nas montanhas durante 4.000 anos, após o que começaram a estabelecer uma nova civilização.

Atlântida 48.000 antes de Cristo a 28.000 antes de Cristo.

Os atlantes que estabeleceram uma nova civilização na Atlântida começaram  de forma muito parecida com o inicio da colonização que os Lemúrios fizeram na Atlântida. Eles se voltaram a trabalhar com a natureza e nisso passaram milhares de anos, mas com o avanço científico e tecnológico também começaram a ficar cada vez mais agressivos, materialistas e decadentes.


Os tecnocratas viviam interessados em bens materiais e desrespeitando a religião. A mulher se tornou objeto do prazer; crimes e assassinatos prevaleciam, os sacerdotes e sacerdotisas praticavam o sacrifício humano. Os atlantes se tornaram uma civilização guerreira.

Alguns artistas atlantes insatisfeitos fugiram para costa da Espanha e para o sudoeste da França, onde até hoje se veem algumas de suas artes esculpidas nas cavernas. Em 28.000 antes de Cristo, com a mudança do eixo da Terra, os vulcões novamente entraram em grande atividade acabando por acarretar o fim da segunda civilização atlante. Com isso novamente os atlantes fugiram para as Antilhas, Yucatã, e para a América do Sul.    

Atlântida 28.000 antes de Cristo a 12.500 antes de Cristo: Esta foi a civilização atlante que foi descrita por Platão.

Mais uma vez tudo se repetiu, os que ficaram recomeçaram tudo novamente, recriando as cidades que haviam sido destruídas, mas inicialmente não tentando cometer os mesmos erros da florescente civilização passada. Eles unificaram a ciência com o desenvolvimento espiritual a fim de haver um melhor controle sobre o desenvolvimento social.

Começaram a trabalhar com as Forças da Natureza, tinham conhecimento das hoje chamadas linhas de Hartman e linhas Ley, que cruzam toda a Terra, algo que posteriormente veio a ser muito utilizado pelos celtas que construíram os menires e outras edificações em pedra.


Vale salientar que eles acabaram por possuir um alto conhecimento sobre a ciência dos cristais, que usavam para múltiplos fins, mas basicamente como grandes potencializadores energéticos, e fonte de registro de informações, devido a grande potência que o cristal tem de gravar as coisas.

Os Atlantes tinham grande conhecimento da engenharia genética, o que os levou a tentar criar “raças puras”, raças que não possuíssem nenhum defeito. Esse pensamento persistiu até o século XX e vindo a ser uma das bases do nazismo.


Os Atlantes detinham grandes conhecimentos sobre as pirâmides, há quem diga que elas foram edificadas a partir desta civilização e que eram usadas como grandes condutores e receptores de energia sideral, o que, entre outros efeitos, fazia com que uma pessoa que se encontrasse dentro delas, especialmente a Grande Pirâmide, entrava em estado alterado de consciência quando então o sentido de espaço-tempo se alterava totalmente.

É certo que os habitantes da Atlântida possuíam um certo desenvolvimento das faculdades psíquicas, entre as quais a telepatia, embora que muito aquém do nível atingido pelos habitantes da primeira civilização.

Construíram aeroplanos, mas nada muito desenvolvido, algo que se assemelharia mais ao que é hoje é conhecido como “asa delta”. Isto tem sido confirmado através de gravuras em certos hieróglifos egípcios e maias.

Também em certa fase do seu desenvolvimento os atlantes foram grandes conhecedores da energia lunar, tanto que faziam experiências muito precisas de conformidade com a fase da Lua. A par disto foram grandes conhecedores da astronomia em geral.

Na verdade os atlantes detiveram grandes poderes, mas como o poder denigre o carácter daquele que não está devidamente preparado para possuí-lo, então a civilização começou a ruir. Eles começaram a separar o desenvolvimento espiritual do desenvolvimento científico.

Sabedores da manipulação dos genes eles desenvolveram a engenharia genética especialmente visando criar raças puras. Isto ainda hoje se faz sentir em muitos povos através de sistemas de castas, de raça eleita ou de raça ariana pura.

Em busca do aperfeiçoamento racial, como é da natureza humana o querer sempre mais os cientistas atlantes tentaram desenvolver certos sentidos humanos mediante genes de espécies animais detentoras de determinadas capacidades.

Tentaram que a raça tivesse a acuidade visual da águia, e assim combinaram genes deste animal com genes humano; aprimorar o olfato através de genes de lobos, e assim por diante.

Mas na verdade o que aconteceu foi o pior, aquelas experiências não deram certo e ao invés de aperfeiçoarem seus sentidos acabaram criando bestas-feras, onde algumas são encontradas na mitologia grega e em outras mitologias e lendas. Ainda no campo da engenharia genética criaram algumas doenças que ainda hoje assolam a humanidade.

A moral começou a ruir rapidamente e o materialismo começou a crescer. Começaram a guerrear. Entre estas foi citada uma que houve com a Grécia, da qual esta foi vitoriosa. Enganam-se os que pensam que a Grécia vem de 2 000 antes de Cristo. Ela é muito mais velha do que o Egito e isto foi afirmado a Sólon pelo sacerdote de Sais. Muitos atlantes partiram para onde hoje é a Grécia e com o uso a tecnologia que detinham se fizeram passar por deuses dando origem assim a mitologia grega, ou seja, constituindo-se nos deuses do Olímpio.

Por último os atlantes começaram a fazer experiências com displicência de forma totalmente irresponsável com cristais e como consequência acabaram canalizando uma força cósmica, que denominaram de "Vril", sob as quais não tiveram condições de controla-la, resultando disso a destruição final da Atlântida, que submergiu em uma noite.

Para acreditar que um continente tenha submergido em uma noite não é muito fácil, mas temos que ver que a tecnologia deles eram muito mais avançadas do que a nossa, e que o poder do cristal é muito maior do que imaginamos, pois se formos ver os cristais estão em tudo com o avanço tecnológico, um computador é formado basicamente de cristais e o laser é feito a parti de cristais. 

Mas antes da catástrofe final os Sábios e Sacerdotes atlantes, juntamente com muitos seguidores, cientes do que adviria daquela ciência desenfreada e consequentemente que os dias daquela civilização estavam contados, partiram de lá, foram para vários pontos do mundo, mas principalmente para três regiões distintas: O nordeste da África onde deram origem a civilização egípcia; para América Central, onde deram origem a Civilização Maia; e para o noroeste da Europa, onde bem mais tarde na Bretanha deram origem à Civilização Celta.

A corrente que  deu origem a civilização egípcia inicialmente teve muito cuidado com a transmissão dos ensinamentos científicos a fim de evitar que a ciência fora de controle pudesse vir a reeditar a catástrofe anterior. Para o exercício desse controle eles criaram as “Escolas de Mistérios”, onde os ensinamentos eram velados, somente sendo transmitidos às pessoas que primeiramente passassem por rigorosos testes de fidelidade.

Os atlantes levaram com eles grandes conhecimentos sobre construção de pirâmides, e sobre a utilização prática de cristais, assim como conhecimentos elevados de outros ramos científicos, como matemática, geometria, etc. 


Pesquisas recentes datam a Esfinge de Gizé sendo de no mínimo 10.000 antes de Cristo e não 4.000 antes de Cristo como a egiptologia clássica afirma.  Edgar Cayce afirmou que em baixo da esfinge existe uma sala na qual estão guardados documentos sobre a Atlântida, atualmente já encontraram uma porta que leva para uma sala que fica abaixo da esfinge, mas ainda não entraram nela. A Ordem Hermética afirma a existência não de uma sala, mas sim de doze.

A corrente que deu origem a civilização maia, foi muito parecida com a corrente que deu origem a civilização egípcia. Quando os atlantes que migraram para a Península de Yucatã antes do afundamento final do continente, eles encontraram lá povos que tinham culturas parecidas com a deles, o que não é de admirar, pois na verdade lá foi um dos pontos para onde já haviam migrado atlantes fugitivos da segunda destruição.

Também os integrantes da corrente que se direcionou para o Noroeste da Europa, e que deu origem mais tarde aos celtas, tiveram muito cuidado com a transmissão do conhecimento em geral.

Em vez de optarem para o ensino controlado pelas “Escolas de Mistérios” como acontecera no Egito, eles optaram por crescer o mínimo possível tecnologicamente, mas dando ênfase especialmente os conhecimentos sobre as Forças da Natureza, sobre as energias telúricas, sobres os princípios que regem o desenvolvimento da produtividade da terra.

Conheciam bem a ciência dos cristais, e da magia, mas devido ao medo de fazerem mau uso dessas ciências eles somente utilizavam-nos, mas no sentido do desenvolvimento da agricultura, da produtividade dos animais de criação, etc.

Atualmente as pessoas veem a Atlântida como uma lenda fascinante, como algo que mesmo datando de longa data ainda assim continua prendendo tanto a atenção das pessoas. Indaga-se do porquê de tanto fascínio? Acontece que ao se analisar a história antiga da humanidade vê-se que há uma lacuna, um hiato, que falta uma peça que complete toda essa história. 

Muitos estudiosos tentam esconder a verdade com medo de ter que reescrever toda a história antiga, rever conceitos oficialmente aceitos. Mas eles não explicam como foram construídas as pirâmides, como existiram inúmeros artefatos e achados arqueológicos encontrados na Ásia, África e América e inter-relacionados. O como foram construídos as pirâmides e outros monumentos até hoje é um enigma. Os menires encontrados na Europa, as obras megalíticas existentes em vários pontos da terra, os desenhos e figuras representativas de aparelhos e até mesmo de técnicas avançadas de várias ciências, os autores oficiais não dão qualquer explicação plausível.

Os historiadores não acreditam que um continente possa haver afundado em uma noite, mas eles esquecem que aquela civilização foi muito mais avançada que a nossa. Foram encontradas, na década de 60, ruínas de uma civilização no fundo do mar perto dos Açores, onde foram encontrados vestígios de colunas gregas e até mesmo um barco fenício.

Atualmente foram encontradas ruínas de uma civilização que também afundou perto da China.  As pessoas têm que se conscientizar de que em todas as civilizações em que a moral ruiu, ela começou a se extinguir, e atualmente vemos isso na nossa civilização, e o que é pior, na nossa civilização ela tem abrangência mundial, logo se ela ruir, vai decair todo o mundo. 

Então o mais importante nessa história da Atlântida não é o acreditar que ela existiu e sim aprender a lição para que nós não enveredemos pelo mesmo caminho, repetindo o que lá aconteceu. 

Lacunas na História da Humanidade:

A História antiga da humanidade contém algumas lacunas envoltas em mistérios e enigmas ainda não desvendados. Enigmas que despertam no homem contemporâneo uma busca incessante pela sua verdadeira origem e por sua real História!

Quem não se sente interessado, curioso ou até mesmo fascinado com o avanço técnico contido na Grande Pirâmide de Quéops, os Moais da Ilha de Páscoa, a construção de Macchu Picchu e a avançada cultura Inca, as Pirâmides Astecas, os complexos Maias e seu perfeito calendário, a arte e eloquência Grega, os menires Celtas e a Grande sabedoria Veda, somente para citar alguns exemplos? 

Um estudo mais aprofundado nos leva a um lugar-comum onde a ciência oficial ainda teima em negar (embora os menos ortodoxos admitam claramente) a teoria - para muitos, realidade - do Continente chamado Atlântida, berço da Quarta Raça Raiz! 

O continente Atlante situava-se no Atlântico Norte, indo desde a costa da atual Flórida (USA) até as ilhas Canárias e os Açores. Sua cultura era muito avançada. Em muitos pontos, ultrapassava a nossa com facilidade. Oriunda de um aperfeiçoamento e emigração dos remanescentes da Terceira Raça Raiz (Lemuriana), a raça Atlante alcançou rapidamente  um patamar elevado em conhecimentos e tecnologia. Esta tecnologia diferia muito da atual em termos de padrão de frequência vibracional. Estava diretamente relacionada com as forças da Natureza e continha aspetos energéticos (metafísicos e radiônicos) e até espirituais unidos numa só Ciência (conceito praticamente impossível de ser aceito e assimilado pela "Ciência" atual). 

A raça atlante possuía um desenvolvimento bastante avançado  das faculdades ditas paranormais, existindo uma "ligação direta" com outras realidades dimensionais. O conhecimento das Grandes Verdades Cósmicas era aberto, não existindo nada absolutamente velado. Mantinham intercâmbio com culturas provenientes de várias regiões do espaço (civilizações extraterrestres) e com os Seres das Hierarquias  do Governo Oculto Espiritual do Planeta. Acredita-se que a tecnologia de construção e manipulação de energias das estruturas piramidais seja de origem extraterrestre, transmitida aos Atlantes, tais como as Pirâmides do Egito e do México (apenas réplicas dos originais atlantes).

Na região conhecida como "Triângulo das Bermudas" existe um vórtice de energia espácio-temporal, gerado possivelmente pela Grande Pirâmide Atlante submersa ali. Neste local, além de outros fenômenos tais como a já rotineira alteração da leitura dos instrumentos de navegação, registaram-se também muitas aparições ufológicas.

Aliás, os atlantes dominavam máquinas voadoras que pousavam em qualquer parte do planeta, principalmente nas "Pistas de Nazca" no Peru.

Foram encontrados no Egito e, principalmente na cultura Inca, caracteres hieroglíficos e objetos que lembram aeronaves, algumas apresentando as asas em delta! Tais objetos foram testados em túneis de vento, apresentando um comportamento aerodinâmico perfeito!

Os "computadores" atlantes eram os próprios cristais de quartzo, utilizados principalmente como armazenamento de conhecimentos e acionados por poder mental (são os cristais "arquivistas" tão conhecidos dos cristal terapeutas).

O domínio dos cristais, juntamente com a manipulação de aparelhos radiônicos (a hoje conhecida "pilha cósmica" dos radiestesistas - um conjunto de semiesferas sobrepostas - foi  muito utilizada na Atlântida como arma de grande poder), era um dos pontos fortes de seu conhecimento, uma vez que, aliado a um grande poder mental, era gerado um formidável potencial energético altamente positivo quando bem direcionado, assim como incrivelmente devastador quando errônea e maleficamente utilizado.

Houve um declínio dos padrões éticos, morais etc. que  gerou estados vibratórios bastante densos. Aliás, este foi um dos principais (senão o principal) motivos do desaparecimento da civilização das Sete Portas de Ouro, que também fazia uso de tecnologia nuclear. A situação chegou a  um estado crítico quando ocorreu a manipulação indiscriminada da engenharia genética, gerando verdadeiras aberrações, conhecidas hoje como os seres mitológicos de algumas culturas, tais como os Titãs da Mitologia Grega.

Os Sábios e Sacerdotes Atlantes, prevendo a destruição, emigraram juntamente com os genuínos da Raça para outros  pontos da Terra, levando consigo seus vastos poderes e conhecimentos que desde então têm sido passados de boca para ouvido pelos Iniciados, nas "Escolas de Mistério", a fim de que não caiam em mãos dos adeptos do "Caminho da Mão Esquerda" e outros irresponsáveis.

Os lugares que já eram Colônias, tais como o Egito, pequena parte da Índia, América Central e do Sul, floresceram rapidamente com a chegada dos Sábios, assessorados por ET's.

A principal Colônia, salvaguarda até os dias de hoje, grande parte dos conhecimentos poderosos num local muito bem guardado  abaixo da Esfinge e das Pirâmides (construídas pelos atlantes sob supervisão extraterrestre) e em outros Templos ao longo do Nilo, no Egito. Tais "documentos" (os papiros sagrados de Toth) estão prestes a serem descobertos, segundo Edgar Cayce, famoso e conceituado paranormal norte-americano, que vislumbrou em visões tal fato, ainda na primeira metade deste século.

Atualmente, descobertas formidáveis têm sido feitas no Egito pelos arqueólogos, constatando novas pirâmides e até um gigantesco Templo (ou palácio) abaixo de uma "moderna" estrutura do período Ptolemaico.

Oficialmente, admite-se hoje que, provavelmente cerca de  55% do Antigo Egito ainda está sob as areias do Deserto e do tempo! E se há muito que desvendar, a hipótese da existência  e consequente descoberta dos "documentos atlantes", ao  contrário de absurda, como ainda teimam alguns céticos, é  bastante previsível e até, concreta.

Que dizer então das ainda mais enigmáticas civilizações Pré-Colombianas, das quais se conhece muito pouco? Que segredos encerram? E as civilizações da Amazônia? Que escondem as autoridades científicas e governamentais das potências mundiais sobre  tais assuntos, num procedimento semelhante ao adotado no fenômeno UFO? Porque existe uma incidência cada vez maior de aparições ufológicas em tais locais?

Associa-se a estes fatores, segundo estudiosos ocultistas, à passagem de um astro de grandes proporções com frequência vibratória baixa, com uma excentricidade de órbita bastante acentuada, passando pelas circunvizinhanças do Sol num período que se encurta cada vez mais. Sua última passagem ocorreu a aproximadamente 6.666 anos (o nº da Besta?) sendo o provável corresponsável pela separação do continente em três grandes ilhas e sua posterior submersão, uma a cada passagem, até a última, Possidônios (revelada a Platão pelos Sacerdotes de Tebas, no Egito). Tal astro é  mencionado exaustivamente pelos atuais espiritualistas pela sua importância no momento de "Transição de Eras" que o Planeta atravessa.

A NASA, Agência Espacial Americana, confirmou uma perturbação considerável nas órbitas dos planetas exteriores (Urano, Neptuno e Plutão) descoberta no  inícios dos anos setenta. "Esta perturbação de natureza gravitacional", sugere a NASA, "é provavelmente causada  por algum corpo não identificado e de proporções consideráveis". Acredita-se que atualmente sua posição seja bem mais próxima do Sol (embora a ciência negue a existência de tal corpo celeste).

Embora as conjecturas apresentadas não sejam suficientes para provar a existência da Atlântida e sua cultura (a qual originou nossa 5º Raça Raiz, Ariana), elas são fortes em seu conteúdo e estão  presentes nas tradições milenares de antigas civilizações e nos seus registros tais como os egípcios, vedas, e atuais tibetanos além das Escolas esotéricas, ocultistas e teosóficas e suas eminências, como Helena P. Blavatsky, que estudou  e divulgou amplamente o tema. 

Chegamos finalmente a um atual  "momentum vibracional"  evolutivo planetário, muito parecido com o que existia em terras Atlantes na ocasião sua decadência, tanto em termos da baixa energia referente a dor, sofrimento, violência, moral, geradas pela humanidade, como aspetos cósmicos e  fenômenos de natureza extraterrestre. Um novo Salto Evolutivo está às nossas portas. Um novo Céu, uma nova Terra e uma nova Jerusalém! Quem sabe uma nova e melhor Atlântida? 
Paulo Iannuzzi.

O debate sobre a existência da Atlântida é bem antigo. Desde os tempos do   filósofo Grego Platão, a Atlântida com sua esplêndida civilização, chega aos dias atuais como um enigma que originou a publicação de inúmeros livros. Tese de carácter geológico, arqueológico e outras tem servido para aguçar o espírito humano na busca da  existência do enigmático continente. Iremos tratar aqui destas teses , que poderão dar um carácter científico às nossas buscas.
Honório Ferreira Neto

As primeiras narrativas:
De todas as lendas sobre povos e civilizações perdidas, a história de Atlântida parece ser aquela que mais interesse tem despertado. A primeira referência escrita deste mito encontra-se nos relatos  de Platão. Nos diálogos Timeu e Crítias é narrada a fascinante história da civilização localizada "para além das colunas de Hércules". É descrita a existência desta ilha continental, bem como os detalhes históricos de seu povo, com sua organização social, política e religiosa, além de sua geografia e também da sua fatídica destruição "no espaço de uma noite e um dia ".

Eis parte do diálogo: "...Ouvi, disse Crítias, essa história pelo meu avô, que a ouvira de Sólon, o filósofo. No delta do Nilo eleva-se a cidade de Sais, outrora capital do faraó Amásis e que foi fundada pela deusa Neit, que os gregos chamam Atena.

Os habitantes de Sais são amigos dos atenienses, com os quais julgam ter uma origem comum. Eis por que Sólon foi acolhido com grandes homenagens pela população de Sais.

Os sacerdotes mais sábios da deusa Neit apressaram-se a iniciá-lo nas antigas tradições da história da humanidade.

Na tradição oral de muitos povos antigos, nos relatos de textos bíblicos, em documentos toltecas e nos anais da doutrina secreta, existem coincidências que nos  fazem crer que outrora existiu um continente no meio do Oceano Atlântico, que um dia foi tragado pelas águas revoltas.

Atlântida (O país, o povo suas Riquezas):
Geograficamente, Platão descreve a Atlântida desta forma: "toda a região era muito alta e caía a pique sobre o mar , mas que o terreno à volta da cidade era plano e cercado de montanhas que desciam até a praia , de superfície regular, era mais comprida do que larga, com três mil estádios na sua maior extensão, e dois mil no centro, para quem subisse do lado do mar. Toda essa faixa da ilha olhava para o sul, ao abrigo do vento norte. As montanhas das imediações eram famosas pelo número , altura e beleza, muito acima das do nosso tempo...".

Segundo todos relatos, os atlantes desenvolveram-se de tal forma, que o grau de riqueza alcançado por sua civilização não encontra paralelo conhecido, sendo pouco provável que outros povos viessem a obter tamanha prosperidade e bonança.

A Atlântida possuía 10 reis. Estes soberanos por sua vez, possuíam dentro de seus domínios "um poder discricionário sobre os homens e a maior parte das leis, sendo-lhes facultado castigar quem quisessem, ou mesmo condená-los à morte". O país dos atlantes era dividido em 60.000 lotes e cada um deles tinha um chefe militar.

O aspeto que mais fascina no relato platônico é sem dúvida o que se refere às riquezas da ilha-continente, tanto no que tange às construções , como aos imensos recursos naturais da legendária ilha .

Segundo Platão, a Atlântida possuía a capacidade de prover seus habitantes com todas as  condições de sustento, apesar de receber de fora muito do necessário, provavelmente, através do comércio. Havia na ilha grande abundância de madeira que com certeza foram utilizadas nas imensas obras lá construídas, bem como imensas pastagens, tanto para animais domésticos, como para selvagens, incluindo aí a raça dos elefantes, que teriam se multiplicado pela ilha. Por sua vez, toda sorte de frutos, legumes, flores e raízes existiam ali, sendo que o fabrico de essências e perfumes era corriqueiro. A extração de minérios, em particular o ouro, ocorria fartamente em Atlântida.

Diz Platão que de início os atlantes "construíram pontes nos cinturões de mar que envolviam a antiga metrópole, a fim de conseguir passagem para fora e para o palácio real", bem como abriram um canal de três plectros de largura e cem pés de profundidade, ligando o mar ao primeiro cinturão de água, canal este que servia de entrada para embarcações vindas de outras partes. No segundo cinturão, os barcos podiam ancorar com maior segurança, e fazia deste uma espécie de porto.

As águas jorravam no centro da ilha, desde que Posídon assim quis, também tiveram tratamento dos mais apurados: em suas imediações foram plantadas "árvores benéficas para as águas", bem como foram construídas "cisternas para banhos quentes no Inverno".

Havia, contudo, locais próprios para os banhos dos reis, bem como modalidades específicas para as mulheres. Segundo o relato, "parte da água corrente eles canalizaram para o bosque de Posídon a outra parte era canalizada para os cinturões externos por meio de aquedutos que passavam sobre as pontes ".

Nos cinturões externos de terra, foram construídos ginásios para práticas desportivas e hipódromos, bem como moradia para soldados, hangares para barcos e armazéns para todas as modalidades conhecidas de artigos náuticos. O canal principal que servia de entrada para embarcações  era muito movimentado, tanto de dia como de noite, o que demonstra ter sido Atlântida um grande centro comercial de seu tempo.

O palácio real era segundo os relatos "uma verdadeira obra prima de encantar a vista, por suas dimensões e beleza. "

O templo dedicado a Posídon era cercado por um muro de ouro, que segundo o relato, ele "tinha um estádio de comprimento e três plectros de largura para fora, todo o templo era forrado de prata, com exceção dos acrotérios, que eram de ouro. No interior, a abóbada era de marfim, com ornamentos de ouro, prata e oricalco. "

Havia também no templo estátuas dedicadas a diversas divindades, bem como outras que homenageavam os reis e suas esposas, além de um altar cuja beleza e magnificência não encontrava paralelo conhecido. Essa é resumidamente a Atlântida de Platão, com seus detalhes e maravilhas.

A Guerra com os Atenienses e a Destruição:

Na conversa que tiveram com Sólon acrescentaram os sacerdotes que calamidades maiores foram às vezes causadas pelo fogo  do céu (...) Depois os sacerdotes fizeram saber a Sólon que conheciam a história  de Sais a partir de 8000 anos antes daquela data (...)

Há manuscritos, disseram, que contém relato de uma guerra que lavrou-se entre os Atenienses e uma nação poderosa que existia na grande ilha situada no Oceano Atlântico (...) e mais além, no extremo do oceano um grande continente. A ilha chamava-se Posseidonis, ou Atlantis (...) quando se deu a invasão da Europa pelos atlantes, foi Atenas, como cabeça de uma liga de cidades gregas, que pelo seu valor salvou a Grécia do jugo daquele povo. 

Posteriormente a estes acontecimentos houve uma grande catástrofe: um violento terremoto sacudiu a terra, que foi depois devastada por torrentes de chuva. As tropas gregas sucumbiram e a Atlântida foi tragada pelo oceano (...) sempre houve e há de haver no futuro numerosas e variadas destruições de homens; as mais extensas, por meio da água ou pelo fogo, e as menores por mil causas diferentes (...)

Nas destruições pelo fogo, prosseguem os sacerdotes,  perecem os moradores das montanhas e dos lugares elevados e secos, de preferência aos que habitam às margens dos rios ou do mar (...), por outro lado, quando os Deuses inundaram a terra para purificá-la, salvaram-se os moradores das montanhas, vaqueiros e ovelheiros, enquanto os habitantes de vossas cidades eram arrastados para o mar pelas águas dos rios. (...) entre vós outros, mal começais a vos prover da escrita e do resto de que as cidades necessitam, depois do intervalo habitual dos anos, desabam sobre vós, do céu, torrentes d’água, maneira de alguma pestilência, só permitindo sobreviver o povo rude e iletrado. A esse modo, como se fosseis criancinhas, recomeçais do ponto de partida, sem que ninguém saiba o que se passou na antiguidade, tanto aqui como entre vós mesmos. "           

A primeira coisa que chama a atenção do pesquisador é a semelhança das referências antigas nesse particular. Na Bíblia o profeta Isaías fala do desaparecimento da Atlântida com palavras bastante diretas: "... Ai da terra dos navios que está além da Etiópia; do povo que manda embaixadores por mar em navios de madeira sobre as águas. Ide, mensageiros velozes, a uma gente arrancada e destroçada; a uma gente que está esperando do outro lado, e a quem as águas roubaram suas terras..."(Is XVIII , 1-2).

Também Ezequiel trata do mesmo assunto nos capítulos XXVI e XXXII: "...Disse o Senhor: E fazendo lamentações sobre ti, dir-te-ão: como pereceste tu que existias no mar, ó cidade ínclita, que tens sido poderosa no mar e teus habitantes a quem temiam? Agora passarão nas naus, no dia da tua espantosa ruína, e ficarão mergulhadas as ilhas no mar, e ninguém saberá dos teus portos; e quanto tiver feito vir sobre ti um abismo e te houver coberto com um dilúvio de água, eu te terei reduzido a nada, e tu não existirás, e ainda que busquem não mais te acharão para sempre ..."

As citações do Velho Testamento podem ser comparadas às que traz escritas um velho códice tolteca, cuja tradução, feita por Plangeon, diz o seguinte: ": No ano 6 de Kan , em 11 muluc do ano de Zac, terríveis tremores de terra se produziram e continuaram sem interrupção até o dia 13 de Chen. A região de Argila, o país de Mu, foi sacrificada. Sacudido duas vezes, ele desapareceu subitamente durante a noite. O solo, continuamente influenciado por forças vulcânicas, subia e descia em vários lugares, até que cedeu. As regiões foram então separadas umas das outras, e depois dispersas. Não tendo podido resistir às suas terríveis convulsões elas afundaram, arrastando para a morte seus 64 milhões de habitantes. Isto se passou 8060 anos antes da composição deste escrito. "

As provas Geológicas:

Há 100 milhões de anos atrás, a geografia do planeta era bem diferente da atual. As massas continentais encontravam-se unidas, formando um grande continente, cercado pelo mar. Este grande continente conhecido como Pangeia, desfez-se gradualmente ao longo das eras geológicas, até atingir a conformação atual. Este fato é reconhecido pela ciência.

Estes processos de separação, se deram por violentos movimentos tectônicos, às vezes acompanhados de cataclismos violentos, que  se prolongaram por milhões de anos. Neste período de deslocamento constante das placas tectônicas, se deram formações de cordilheiras, bem como o desaparecimento de vastas áreas, que submergiram nos oceanos. 

O local onde os dois grandes blocos continentais se desmembraram (Américas a Oeste - Europa, Ásia e Austrália a Leste) encontra-se demarcado por uma espécie de cordilheira submarina chamada Dorsal Meso-Atlântida.

A Dorsal Meso-Atlântida apresenta inúmeras ramificações, que praticamente chegam a ligar os dois blocos continentais. Ao longo destas colinas submarinas, encontram-se uma enormidade de ilhas vulcânicas que vão de Pólo a Pólo . Ao norte em plena região ártica temos, as ilhas Pássaros, Jan Mayen e Islândia , mais o sul pouco acima do trópico de câncer encontramos o arquipélago de Açores, Ilha da Madeira e Cabo verde, mais ao sul temos Santa Helena e outras menores; próximo da Antártica destacamos as ilhas de Érebo, Martinica. Desta forma, Atlântida pode ter se constituído numa destas formações marcadas por intenso vulcanismo. 

A tese da separação dos continentes encontra um forte respaldo na perfeita combinação da costa brasileira com a costa ocidental da África , que se encaixa como num quebra cabeças, no entanto, no extremo norte, as peças deste quebra cabeças não se encaixam com clareza, isto pode ser percebido nos litorais da Escandinávia, Islândia, Groenlândia e norte do Canadá.   Entre a  costa Norte Americana de um lado e a Europa e norte da África de outro,  existir um grande vazio, como se faltasse uma peça do quebra-cabeças. Teria então este vazio relação com o Continente da Atlântida, desaparecido no meio do Oceano??.

As eras glaciais e a Atlântida

Denomina-se eras glaciais os períodos em que grandes regiões do planeta estiveram sob um processo contínuo de glaciações, fenômeno este resultante de causas múltiplas e complexas: movimentos orbitais da terra, continental idade dos polos, elevação de terras, circulações oceânicas, mudanças na composição da atmosfera e outras.

Ocorreram na história do planeta diversas fases deste fenômeno, desde o período pré-cambriano até bem recentemente. No entanto, dado as dificuldades a pesquisa científica só conseguiu definir de forma minuciosa a última grande glaciação, que ocorreu durante o pleistoceno.


Uma glaciação inicia-se quando após um rigoroso Inverno, a neve acumulada não se derrete totalmente com a chegada do verão , sobrevivendo até o outro Inverno na forma de gelo. Este fato, resfria a região e num acumulo sucessivo de milhares de anos forma-se uma calote de gelo, cada vez mais resistente criando impactos de resfriamento cada vez maiores.

Há cerca de 80.000 anos atrás , iniciou-se o último grande avanço das geleiras nas regiões norte do planeta, tanto na Europa como na América do Norte, sendo que o fim desta última glaciação deve ter ocorrido entre 20.000 a 10.000 anos atrás .O fim da Glaciação implica na subida do nível dos Oceanos.  Esta última é a data fatídica da Submersão da Atlântida.

A corrente do Golfo e a Atlântida:

Levantamentos geológicos dão indícios de que durante a última glaciação, a expansão das geleiras atingiram latitudes aproximadamente iguais tanto na América do Norte como na Europa. Dessa forma é possível supor que os efeitos da corrente do golfo não atuavam de modo satisfatório junto ao noroeste europeu naqueles tempos.


Esta constatação nos leva a uma interessante hipótese: a não existência da corrente do golfo naqueles tempos, ou a impossibilidade desta corrente alcançar a Europa, na medida em que seu curso fosse alterado por algum bloqueio em pleno oceano Atlântico. O tamanho do bloqueio só poderia ser uma grande massa continental, que bem poderia ter sido a Atlântida.


Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal
Imagens captadas no Google Imagens.